terça-feira, 9 de novembro de 2010

José Saramago

Eu luminoso não sou


Eu luminoso não sou. Nem sei que haja 
Um poço mais remoto, e habitado 
De cegas criaturas, de histórias e assombros. 
Se, no fundo poço, que é o mundo 
Secreto e intratável das águas interiores, 
Uma roda de céu ondulando se alarga, 
Digamos que é o mar: como o rápido canto 
Ou apenas o eco, desenha no vazio irrespirável 
O movimento de asas. O musgo é um silêncio, 
E as cobras-d'água dobram rugas no céu, 
Enquanto, devagar, as aves se recolhem. 



(in PROVAVELMENTE ALEGRIA, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1985, 3ª Edição)


Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=1249#ixzz14qM8ghwy
Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives

Um comentário:

  1. Hum... Harume como vc ta gótica menina...rs...
    brincadeira...rs...seu Blog fico muito legal parabéns!!

    ResponderExcluir